segunda-feira, 27 de outubro de 2008

ERA UMA VEZ...

Sabia que ler contos de fadas estimula a imaginação e ainda pode nos afastar da violência?
Bela Adormecida, Branca de Neve, A Bela e a Fera... Esses e outros contos de fadas são nossos velhos conhecidos. Mas você sabia que ler histórias como essas, além de fazer a gente sonhar, pode nos afastar da violência? Pois é. Uma pesquisa divulgada recentemente sugere que quem costuma ler contos infantis dá menos atenção aos jogos eletrônicos – alguns muito violentos –, solta a imaginação com mais facilidade e, como ouve e lê mais histórias, tem respostas na ponta língua sobre vários assuntos.
O estudo foi feito pelo psicólogo Carlos Brito, da Universidade Católica de Pernambuco, em parceria com suas alunas Karlise Maranhão Lucena e Bruna Roberta Pires Meira. Juntos, eles analisaram a importância da fantasia, presente nos contos de fadas, na vida de crianças como você. Para isso, fizeram uma verdadeira maratona: percorreram lan houses – casas de jogos eletrônicos – e diversas escolas particulares de Pernambuco, que usam formas diferentes de ensinar.

O trio entrevistou 80 meninos e meninas de oito a nove anos, sendo que metade era de colégios que educam de maneira tradicional, onde a criança não tem que dar opiniões e os livros infantis estão sempre ligados às provas. A outra metade entrevistada foram alunos de escolas que optam pela educação construtivista, em que a criança é encorajada a construir seu próprio saber, a desenvolver sua imaginação e a aprender por meio de experiências que vive no dia-a-dia, como ouvir histórias infantis.

Com as entrevistas, Carlos e suas alunas concluíram que as histórias infantis, principalmente no caso das crianças das escolas construtivistas, estimulam a imaginação, a fantasia e ajudam a lidar melhor com a agressividade. Além disso, as crianças que gostam de contos infantis se ligam menos nos jogos eletrônicos e até criticam os games que têm muita violência. Já as matriculadas em escolas tradicionais preferem os videogames – em especial, aqueles que têm luta –, não se interessam muito pelos contos de fadas e até dizem que os livros como esses são feitos para crianças pequenas.

Na conversa com os estudantes, os pesquisadores ainda perceberam que os que gostam de contos de fadas se expressam com mais facilidade em relação aos que não têm muito interesse por essas histórias. “O contato com os livros de literatura infantil, especialmente de contos de fadas, permite às crianças falar, ler e se expressar de maneira harmoniosa, além disso, ela é capaz de analisar e desenvolver certos assuntos com mais facilidade”, diz Carlos Brito.

Depois dessa pesquisa, quem gosta de um bom conto de fadas vai, com certeza, querer ler muito mais. Já os que dizem que não gostam, podem se animar e abrir um bom livro. Afinal, quem não gosta de viajar de graça em tapetes mágicos, carruagens ou até num bom cavalo alazão? Tudo isso é permitido se você soltar a imaginação e experimentar a magia dos contos de fadas.

Cathia AbreuCiência Hoje das Crianças26/09/05


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domingo, 26 de outubro de 2008

LITERATURA INFANTO-JUVENIL

Graças ao avanço da tecnologia ( a idéia do blog foi ótima ), aqui estamos nós, exibindo nossas “angústias” para outros mestres, no intuito não só de encontrar respostas, como também de buscar sugestões que possam modificar essa imagem negativa que persegue a literatura nas escolas, começando pelo ensino fundamental.
Os professores que estão estão em sala de aula são os alunos que estiveram no ensino fundamental e médio entre os anos 60 e 90. Desde essa época, o que se percebe é que continuam cometendo os mesmos erros de seus professores. Em outras palavras, não se consegue destacar grandes evoluções em relação à educação no Brasil. Os professores continuam sendo pouco reconhecidos e ganhando mal. Como conseqüência, dedicam-se pouco ao seu aprimoramento profissional ou à busca de inovações na área e aos próprios alunos. Se não liam antes, por falta de incentivo dos professores ou dos próprios pais, enquanto alunos, lêem muito menos hoje, por falta de tempo. Porque precisam dedicar-se a várias turmas, em diversas escolas, para conseguirem perfazer um salário adequado ao seu nível cultural e, afinal, justificar todo gasto feito com sua própria educação.
Não encontrei respostas às indagações sobre a redução no total de horas no Curso de Letras, feita pelo MEC. Os próprios professores universitários reconhecem a exigüidade de tempo deste curso para que o formando consiga dar conta da leitura suficiente para o cabedal mínimo ao exercício do magistério.
Em virtude desse pouco tempo exigido para a graduação, o aluno da universidade tem que abdicar de algumas matérias e optar por uma pós-graduação, o que implica em dispender mais investimento com sua formação. Os graduados, em sua maioria, “pulam este capítulo”. Ou partem para outra profissão ou tornam-se professores incompletos.
Pelas razões aqui expostas, entre tantas, os professores, maus leitores que são, em sua maioria, não conseguem passar aos seus alunos a importância da leitura. Ela não é somente importante, ela é a seqüência do aprendizado. Ela complementa a alfabetização. Sem a leitura, a alfabetização está apenas alinhavada. Somente através da leitura é que podemos evitar o analfabetismo funcional.
Realmente, não acredito em “receita de bolo” pois cada ser é único. Acredito que as turmas possam se tornar homogêneas, ou quase, dependendo da motivação que o professor lhes proporcionar. Incentivar nos alunos o gosto pela leitura não é uma tarefa muito fácil. Mas, também não é impossível. Antes de mais nada, creio que é preciso conhecer o nível de maturidade da turma e tentar conhecer um pouco de cada aluno. Descobrir seus interesses. Buscar os líderes dentro da sala que irão ajudá-lo a conduzir aquela turma. Pesquisar os assuntos que motivariam aquele grupo. E, aí então, apresentar-lhes o livro próprio para sua idade, que será o aliado mais poderoso daqueles que querem seguir adiante e vencer. O livro adequado, como sabemos, não só melhora o nível de compreensão do aluno para a vida, ensinando-o a enfrentar suas dificuldades emocionais, como também amplia seus conhecimentos do idioma.
Professor Wagner, você apaixonou-se pelos livros porque, certamente, alguém mostrou-lhe o prazer que há em viajar no mundo das letras. É verdade que os jovens gostam de desafios e os livros, por serem poderosos, tornam o leitor poderoso. Nós, como professores, também podemos levar essa descoberta para os nossos alunos. E, certamente, o faremos. Simplesmente porque é isso o que queremos. É isso que nos motiva e nos gratifica.

Marta Indig
26out2008

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Lugar de Destaque


Por que muitas universidades não dão à literatura infanto-juvenil um lugar de destaque, sendo que é essa literatura a primeira a ser apresentada aos pequenos ouvintes, ou leitores?
Vamos pensar.
O primeiro ponto a ser observado é que a literatura infanto-juvenil (LIJ) possui duas atitudes polares: literária e pedagógica, a primeira investida de intenção artística e a outra de intenção educativa (COELHO, 2000). O que percebemos é que no que diz respeito à intenção educativa, a LIJ vem sendo tratada com destaque pelos pedagogos e psicólogos infantis, o que não ocorre com a Crítica Literária, que encara a LIJ como arte menor, brincadeira de criança. O mesmo ocorre com os incentivos para pesquisa na área da LIJ: inexistem.
Paralelo a isso, desde 2001 as Instituições de Ensino Superior são autônomas para criar cursos, alterar projetos pedagógicos e introduzir novas habilitações em cursos de graduação, desde que respeitem as Diretrizes Curriculares Nacionais pertinentes. Assim, na hora de determinar o que fará parte do programa, as IES acabam priorizando algumas disciplinas e desprestigiando outras. E nossa literatura infanto-juvenil, mais uma vez, não é priorizada, apesar de nossos jovens apresentarem sérias deficiências no quesito leitura e apesar dela ser a primeira literatura apresentada aos alunos. Somente a USP tem se mantido firme e oferecido a disciplina na graduação do curso de Letras. Algumas poucas IES têm oferecido curso de especialização nessa área. As demais adotam a política da meritocracia: de acordo com o talento e o esforço do graduando, ele será capaz de promover o letramento literário de seus alunos.
Outra reflexão importante é sobre o Parecer CNE/CP nº 5/2006, aprovado em abril de 2006, que determina que a carga horária mínima para os cursos de Licenciatura seja de 2.800 (duas mil e oitocentas) horas, das quais no mínimo 300 (trezentas) horas dedicadas ao estágio supervisionado, e no mínimo 2.500 (duas mil e quinhentas) horas, às demais atividades formativas. Com isso, as IES que tal qual o Governo adotam política minimalista cortam disciplinas indispensáveis à formação do professor.
As universidades públicas mantêm-se firme no propósito da boa formação e propõem uma estrutura curricular mais complexa e de maior duração, mas pagam um preço por isso. O Governo Federal criou em 2005 o ProUni (Programa Universidade para Todos), que concede bolsas de estudo integrais e parciais a estudantes de cursos de graduação em instituições privadas de educação superior. Dirigido aos estudantes egressos do ensino médio da rede pública ou da rede particular na condição de bolsistas integrais, atende a um público com renda per capita familiar máxima de três salários mínimos. Como parte do acordo, o Governo oferece isenção de alguns tributos àquelas instituições de ensino que aderem ao Programa. Deixo uma pergunta no ar : Por que o Governo se interessaria em investir em universidades públicas, que mantêm os alunos 2 anos a mais estudando, se ele pode terceirizar o ensino superior através de incentivos fiscais, com menor custo, menor esforço, menor número de greves trabalhistas, maior abandonado ? No que diz respeito às universidades federais, vem aí o REUNI. É pagar para ver ! Ou para estudar !
Para não dizer que não falei das flores, acho que aos graduandos de Letras cabe um papel importante. Nós precisamos estar conscientes de que ao entrarmos numa sala de aula de sexto a nono ano, escolheremos o que o outro vai ler. E essa escolha precisa ser responsável. Convido e dou voz à Professora Nelly Novaes Coelho: “Literatura é arte e, como tal, as relações de aprendizagem e vivência, que se estabelecem entre ela e o indivíduo, são fundamentais para este alcance sua formação integral (sua consciência do eu + o outro + mundo, em harmônica dinâmica)”
Com esse pensamento em mente perguntemo-nos: O que pretendo fazer em sala de aula enquanto professor de Língua Portuguesa e Literatura ? Tornar analfabetos funcionais ou colaborar para a formação integral de indivíduos ?
D'Andréa Dore
REFRÊNCIAS:
COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: Teoria, Análise, Didática. 1 ed. São Paulo:Moderna, 2000

domingo, 19 de outubro de 2008

Trocando figurinhas...

Vamos pensar?
Acreditando ser este um espaço para discussões, venho lançar algumas propostas de reflexão:
a) Por que muitas universidades não dão à literatura infanto-juvenil um lugar de destaque, sendo que é essa literatura a primeira a ser apresentada aos pequenos ouvintes, ou leitores?
b) Como formar bons leitores se alguns professores não são leitores?
c) Quais as reais dificuldades encontradas entre as propostas de leitura apresentadas pelos cursos de graduação em Letras e sua aplicabilidade nas escolas?
d) Que tipo de projetos deveriam ser feitos para que comunidade e academia se aproximassem mais?

Essas são algumas das minhas inúmeras angústias ao pensar em como se trabalhar a leitura, como despertar o gosto pela mesma em uma época em que a velocidade da tecnologia impera.
Nada, absolutamente nada contra o avanço tecnológico! Contudo, creio, devemos tê-lo como aliado. Devemos, enquanto mestres, criar o ambiente ideal para que nossos alunos possam começar a tatear o intrigante e encantador universo da leitura.
Não busco respostas mirabolantes, nem receitas de bolo. Há casos, e casos, e casos, mas preciso, ao menos, de sugestões, de idéias, de práticas que trocadas possam facilitar os caminhos a serem seguidos.
Médicos discutem as melhores formas de tratamento, as drogas mais poderosas no combate às doenças... Professores também precisam dessa troca.
Talvez outras pessoas tenham as mesmas dúvidas que eu. Outras podem sugerir coisas.
Por hora, acredito que a leitura deva ser materializada. Transformada em assunto cotidiano. Deve sair das linhas e entrelinhas e invadir outros espaços, inclusive o espaço da criação artística: pintura, música, teatro... O contato com o livro deve ser desmistificado. O livro tem que ser companheiro, ter as páginas marcadas pelas marcas de dedos, devem ser usados.
E se nós, os mestres, saboreássemos em nossa prática cada frase pronunciada? E se transformássemos Machado de Assis em um amigo do peito, ao invés de um senhor místico e sisudo?
Jovem gosta de viagens! Crianças gostam do confabular. Precisam disso. Precisam, através das palavras ouvidas, ou lidas, ser tocadas, ter seu íntimo revirado. Nossos pequeninos leitores devem entender que a emoção é natural, mesmo que essa emoção seja expressa por um “não gostei desse livro!”, ou “que história estranha!”. O senso crítico está sendo formado aí! Posturas, gostos, capacidade argumentativa.

Será que se começarmos, aos poucos, criando jogos, desafios, a serem desvendados no decorrer da leitura, nossa prática não seria mais salutar?

Eu me apaixonei pela literatura porque sentia paixão nos olhos e nas palavras de meus mestres. E, em sala de aula, procurei não repetir o que eu não gostava quando era aluno.
Será que é um começo?
Vamos tentar?
Wagner Dias

sábado, 18 de outubro de 2008

Na Boca do Lobo


Quem somos nós ? Onde estamos ? Para onde vamos ? Essas são indagações daqueles que buscam respostas, daqueles que necessitam do romper das algemas para se encontrarem com a sensação doce do descobrir-se.
Missões ? Todos as temos. Medos, sonhos e desejos também. Duro, talvez, seja reconhecer o momento de vestir o chapéu-casca que define o tempo e encarar a tensão entre pegar a cesta de doces, tocar a maçaneta e tatear, com os pés, as pedras e as flores que nos acompanham até a floresta.
E é ali, nas sombras frescas de carvalhos centenários, que se encontra a boca gulosa do lobo. Boca que atrai e encanta. Ele é o doce medo, repleto de sortilégios. É o desconhecido necessário que nos coloca em contato com o que há de mais profundo no ser: as sensações pulsantes da existência.
Dor, medo, vontade, prazer, sentimento, razão: sincrestismo barroco que nos ajuda a encontrar o equilíbrio do ser. Tudo ali, na boca do lobo, recanto onde nos deparamos com a realidade do descobrir a vida.
Aquele bafo quente, aquela saliva densa, aquele brilho perolado dos dentes fortes atraem, instigam, entorpecem. Quanto mais diferente, quanto mais desconhecido, mais queremos ver, cheirar, tocar.
Nesse momento, faltam-nos orelhas grandes para bem ouvir. Faltam-nos olhos gigantes para ver o que, na verdade, já se enxerga com os olhos do inconsciente.
Fatalmente caem as máscaras, os chapéus e nos descobrimos nus e indefesos diante do encontrar-se com nosso mais profundo eu. Eis que se ouvem cantigas... e, num passe de mágica, zás !, experimentamos o calor úmido do estômago do lobo.
Assustador, escuro e protetor estômago. Fuga, esconderijo. Não é ali o mundo em que desejamos estar. Faltam as luzes.
Magicamente a navalha afiada da salvação rompe a carne e propicia o renascimento.
Chega o fatídico momento! Estamos diante do espelho da vida. Nosso eu revisitado e nosso passado, unidos no momento presente.
Morre o lobo, fazem-se de novo os laços dos chapéus, brindam-se as conquistas e os pés voltam a tatear as pedras e as flores que emolduram o caminho de volta a casa.
No fim da jornada, rumo ao autoconhecimento, a certeza de que o caminho de volta nunca é o mesmo da partida.

Trabalho redigido por Wagner Dias : uma reflexão sobre Chapeuzinho Vermelho.